março 05, 2007

Exposição INSS Pelotas

Aberta para visitação a partir de hoje 05/03/2007, exposição coletiva "Alma de Mulher", em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.

Realização:
Instituto Nacional do Seguro Social/Gerência Executiva-Pelotas
Agência da Arte - Pelotas


Poema “Mulher” foi premiado com primeiro lugar em Concurso Nacional da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul, utilizado no convite da Exposição “Alma de Mulher”, é de autoria de Maria Alice Estrella.


MULHER

Ela deixou o sorriso guardadonuma gaveta da almae tentou colar o anel de cristalcom lágrimas e silêncio.
No lenço colocou a saudade,na mala arrumou os retratos.E viajouno redemoinhodas emoções naufragadas.
Voltou depois do tempoe ficou na gare,sentada,premeditando ausências.só o apito do tremacompanhou sua tristezano olhar paradode quem mais nada esperaporque tudo: - aconteceu!


Para cada quadro exposto foi criada uma poesia especialmente pela poetisa Rita Cornejo, que procurou transmitir através dos poemas a alma de cada mulher.



Poesias:

Memória da pele

Uma pele nua fala mais que mil palavras,
Mostra em cada linha uma história diferente,
Traz numa ínfima ruga um passado ausente
Que um dia foi o presente.

Em cada traço do corpo uma cantiga,
Falando da vida, das perdas e danos,
Falando de amor.

Em cada curva sinuosa, se elucida nela
Quantos ali se perderam, seja por causa
Da curva mesma, ou o quanto de beleza
Se pôde ver nela.

Temos muitas constatações:
Na maciez ou dureza de uma pele
O quanto e como foi amada,
Se foi sob o jugo da verdade
Ou a tortura da ilusão,


Se foi amor com sinceridade ou foi
Fogo de palha
A escamar-lhe o coração.


Enfim, cada corpo, cada pele nua,
É um mapa cheio de temporalidade,
Cheio de orgulho, alegrias, medos e saudades,
Traduzidas numa abreviada e singela linguagem:


A fala da pele, memória que pede passagem,
Onde o tempo se mostra deixando, mais uma vez,
A sua mensagem.


Autoras:
poesia/Rita Cornejo
quadro/Suzana J. Medeiros



Lírio – símbolo da alma de mulher

Poderiam por quê? Eu diria por que o lírio como a própria raiz diz, denota a beleza mais plena, a delicadeza mais serena e a força d vida mais plena e que só na mulher se consegue sentir e vivenciar...
No perfume encontramos a docilidade, a embriaguez e o encanto que emerge em cada mulher como a Lilith que acabou de acordar...
Na beleza temos a força, o brio e a fragilidade que toda mulher sabe bem, como e quando deve usar...
Nas folhas a majestade de quem trilha todos os caminhos e em nenhum momento cessa de brilhar e como uma Valkíria guerreira, enfrenta todos os perigos que possam ameaçar a felicidade de sua prole ou do seu par.
No caule a seiva da vida em ciclos marcados teima em brotar e com lampejos e dores, transformam a dádiva do nascer no mais puro ato de coragem e amor que alguém possa doar.
Eis porque o lírio representa a forma mais divina, o ser mais encantador e forte que um dia nesta terra começou a habitar...Mulher de mil formas, mil amores e dores, que como o lírio, nasce,cresce e morre, deixando na memória e na própria vida de alhures, o divino espetáculo do perpetuar, espalhando perfume, cor, força e beleza a quem quiser olhar!!!

Autoras:
poesia/Rita Cornejo
quadro/Iara Thofehrn


Retrato de beleza

Como perceber a beleza sem vê-la?
Como vê-la sem antes senti-la?
Eis a incógnita!
Quase que como um raio ofuscou-me a luz da razão....
Deixei de ver a beleza do mundo...
Comecei a percorrer a beleza real.

Não vejo com os olhos da cara,
Vejo-a com o terceiro olho, o sentir!
Como dizer da beleza roubada de nossos olhos?
Ser na essência sentimento e paixão,
Buscar no íntimo, aprisionado pelos sentidos o cerne do belo,
o som, o canto...a exaltação!
É a única forma de expressar o belo
sem palavras que possam levar à contradição.
O tempo nos leva, mas a beleza,
ele não leva não...


Autoras:
poesia/Rita Cornejo
quadro/Iara Thofehrn



A analogia Perfeita:
Mulheres e flores

Na verdade, são meninas que transluzem beleza,
beldades diletas que mistificam sutilezas,
embelezam ambientes, enobrecem casas
e com delicadeza, as tornam pomposos palacetes.
Dão vida ao mundo e fazem chorar os descrentes, desvendam segredos e fortalecem os fracos.
Traduzem tudo aquilo que, com palavras seria impossível proferir, falam de sentimentos
e dão veracidade ao sentir.

Assim são elas, rainhas da humildade,
tem por missão confortar os corações
e morrer em prol de um sorriso,
tem por obrigação, fazer com que sua
eterna ingenuidade, permaneça encrustada
no íntimo de cada um, como forma de mostrar ao mundo e seus frios sentimentos, que o sonho de viver só acabará, quando por culpa do homem, a última pétala, da última menina-flor-mulher, com pesar, derramar a última gota de tristeza e
simplesmente... murchar.



Autoras:
poesia/Rita Cornejo
quadro/Suzana J. Medeiros




O Piano

O tempo passou e com ele, as lembranças tornaram-se menos vívidas...
O velho piano ainda deixa ver em suas marcas no som melodioso que o frescor de minha mocidade encerrou um dia.
Na parede, um auto retrato, um nu de corpo inteiro que parecia mostrar minha alma àqueles que soubessem enxergar. Exuberante e de fino trato, sempre trouxe no sorriso a luz da mãe terra a ofuscar...
O piano sempre atento, insiste em me instigar a cantar a vida. O tempo vai passando em melodias e o mesmo companheiro de tantos desígnios continua ao meu lado. Como um fiel escudeiro permanece comigo nas lembranças do que fui, observando quem hoje sou e aguardando pacientemente que o tempo nos coroe com a visão e vivência do que ainda podemos ser.
O piano continua a tocar e através de meus dedos, as notas parecem dançar sob a luz de minhas estórias vividas, mulher guerreira, mulher de fibra.
Orgulho-me por tanto tempo em constante labutar e se hoje, as curvas tenham se tornado mais sinuosas em meu corpo, não importa, pois como a melodia que do piano sai em divina harmonia e maior complexidade musical, assim também, me tornei mais madura, consciente e desejante por tudo àquilo que o tempo ainda me reserva sem deixar de lado o que me proporcionou, esperando com serenidade a verdadeira beleza que, para além dos olhos, o tempo ensina a sentir com um simples dedilhar!!!

Autores:
poesia/Rita Cornejo
quadro/Denoir Zorzolli


O Portal do Olimpo

Dele partem todas as mulheres para suas jornadas terrenas... Quase todas elas oriundas de Deméter ou de Afrodite. Trazem no coração a marca da criação e somente a elas foi concedida à magia da concepção. Em meio aos mandos e desmandos do mundo, sempre buscam o entendimento e nada abala sua convicção mais dileta: todo homem é bom no interior de seu coração!!!
Apresentam-se em mil formas, nuances, belezas e matizes. São capazes de amar sob qualquer circunstância e o fazem, com plena devoção. Não possuem medidas para sentir e em nome da prole tornam-se guardiãs da emoção.
Vivem com e para quem criam e raras vezes vêm sem esta pré-disposição. São pacienciosas e ao mesmo tempo sabem usar da força e inteligência para proteger e manter sua produção.
Nascem, vivem e se vão tendo como ponto de partida e chegada o portal do Olimpo guardado sem saber na calçada da memória, pois toda vez que lhes perguntam de onde vem tanta resignação, dizem simplesmente: não sabemos de onde nem porque, mas temos certeza que viemos de um lugar lindo e calmo, onde o regente é o coração e o único detalhe de que se lembram com exatidão, é da entrada, um portal iluminado de onde surgem todas as cores do arco-íris e com elas, a suprema vontade de dar a vida e contribuir para a evolução!!!

Autoras:
poesia/Rita Cornejo
quadro/Lua Pereira


A Verdadeira Deusa

Todos falam que Deus, como é proferido no próprio nome é uma entidade masculina, mas como deixar de lado nosso momento marcadamente matriarcal, sem pensar em uma Deusa, o feminino em si?
O mundo e a própria essência das coisas do mundo atestam que Deus era uma mulher. Isso se mostra na perfeição das flores, nas nuvens que contornam o céu, na beleza fantástica da terra e na força da vida mesma que se mostra por completo na capacidade da mulher em procriar.
Se Deus fosse masculino, porque se privaria do maior de todos os dons: o gerar? Porque se privaria da maior das proezas humanas: o aflorar da sensibilidade de uma forma que só a mulher é capaz de manifestar?
Definitivamente, tenho por certeza, e digo sem titubear: a verdade mais antiga do mundo e que em mim não quer calar, é que Deus foi apenas o nome dado ao ser da mulher antes de entendermos e conseguirmos compreender como passar a palavra Deus para o feminino, com letra maiúscula e no singular: Deusa, pois a vida nasce e morre no interior feminino e este é o único a quem eu poderia, de Deus, chamar. Na roda do tempo, nada mais certo a de se encontrar, porque nem mesmo com mil deuses poderemos fazer deles, a vida, simplesmente... Brotar!!!

Autoras:
poesia/Rita Cornejo
quadro/Rejane Botelho




UMA VALKYRIA

Estou desarmada, estou sem luz
estou consciente de tudo, porém,
esquecida para o mundo
renascendo para a vida,
buscando uma rota,
mais um momento...

Uma luta feroz, um combate atroz
a dúvida com o perdão, a vida com a ilusão
As portas se fecham e atravesso a parede
rompo a barreira do som
desencadeio o caos
Encontro caminhos e desmancho rotas
desvendo mistérios e mistifico segredos
dilacero devaneios e suplanto anseios
no cerne do meu ser

Mostro com duras palavras
o verdadeiro sentido de existir
lutar para haver derrotas
rir da dor e chorar diante
da comodidade do homem
sempre procurando superar
um dia após o outro
viver rápido, vencer batalhas e...
morrer feliz!!!!
Autoras:
poesia/Rita Cornejo
quadro/Rejane Botelho




SÍLFER

Ela surgiu do amor de Zeus por uma humana chamada Drisi. Mesmo com todos os encantos que uma criatura mortal poderia possuir, Drisi carregava em seu íntimo uma mágoa antiga, um desdém ferido pelo sentir e com ele, o medo do amor...
Com um olhar penetrante, um corpo escultural e uma mente privilegiada, Sífer nasceu com o dom da desconfiança... Ao mesmo tempo que possui o dom da palavra e do pensar, nada no mundo abala sua maior convicção: o mundo dos homens não são dignos de ardores e as mulheres não são confiáveis...
Sua vida transcorre na normalidade, busca vitória em suas batalhas e não mede esforços para conquistar seu lugar em meio às conveniências que lhe são de direito.
Ama com reservas, serve-se a seu bel prazer, sacia seus desejos e não se importa com o sentir alheio...Apenas reserva para si, aquele momento em que somente o querer deve ser ouvido e aplacado. Sílfer é a personificação do que há dentro de todos nós, o misto constante de beleza e verdade que se esconde no manto da ilusão e das mentiras que a vontade rege quando queremos simplesmente aproveitar-nos das deliciosas mentiras que o coração quer nos fazer acreditar.




Autoras:
poesia/Rita Cornejo


quadro/Lua Pereira



ARTISTAS PARTICIPANTES



Autora da poesias que acompanham os quadros expostos:
Rita Cornejo
  • A analogia Perfeita: Mulheres e Flores
  • O Piano
  • O Portal do Olimpo
  • A Verdadeira Deusa
  • UMA VALKYRIA
  • SÍLFER

    Autora da poesia convite:
    Maria Alice Estrella
  • MULHER


    Autores (as)Quadros Expostos

    Denoir Zorzolli
    Iara Thofehrn
    Lua Pereira
    Rejane Botelho
    Suzana J. Medeiros


Realização:
Instituto Nacional do Seguro Social/Gerência Executiva-Pelotas
Agência da Arte - Pelotas



Fotos INSS - créditos Rejane Botelho























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